10/09/2009

Novo "ruiquismo" intelectual

Todos estamos familiarizados com o conceito de novo "riquismo". Pessoas que alcançaram, normalmente de forma rápida, prosperidade material, mantendo no entanto um estilo e comportamento de gosto duvidoso, cuja a riqueza material só amplia. Tenho para mim que a abundância material não muda ninguém, apenas amplia o que já somos. Creio que todos temos direito á prosperidade material, mas que esta deve ser acompanhada com investimento na nossa formação, mudança interior e, acima de tudo, carácter.

O programa “novas oportunidades” trouxe a possibilidade a muitas pessoas de investirem na sua educação, facilitando o acesso à escola, novas tecnologias, formação, em suma, abrindo portas julgadas há muito fechadas para sempre, por aqueles que hoje delas beneficiam. E isto é bom. O que já não é bom é aquilo que eu chamo de novo "riquismo" intelectual. O facto de alguém ter melhorado o seu nível escolar, conhecimento tecnológico ou até alcançado o tão desejado “canudo” não traz por si só mudança. Se o exibicionismo material, característica transversal dos “novos ricos” é um resultado de uma “bimbalhice “inalterado pela abundância de bens, também o estendal público de conhecimentos adquiridos, sem estilo, sem outro propósito que não seja a exibição, reflectem que, apesar de cheios de novos conhecimentos, continuam “bimbos”.

As redes sociais têm sido, infelizmente, “assaltadas” pelos novos ricos intelectuais, que por não terem quem os oiça ou siga, procuram encontrar ali uma audiência que não têm.  O facebook, nomeadamente, tem se tornado um depósito de chavões e debates inconsequentes de “pastores” sem ovelhas, “políticos”que ninguém ouve, “mestres” sem seguidores.

Prosperidade material, educação, conhecimento, elementos essenciais e enriquecedores da nossa vivência, poderão tornar-se nocivos quando usados como a prova inequívoca da nossa superioridade em relação ao próximo. Há uma grande diferença entre o dar, ensinado pelo nosso grande Mestre Jesus, e o exibir. Sinceramente creio que o que temos, sejam bens, conhecimento, dons, tem como propósito a partilha, que decerto ajudará a melhorar a vida de alguém, e não o exibicionismo, que apenas promove o orgulho e a grandeza balofa do ego.