Muito se lê hoje sobre a dicotomia entre esperança e denuncia das injustiças e imoralidades da nossa sociedade. Muitas pessoas já perderam a esperança, mas como não a querem renegar dos cânones da sua teoria da fé, engendram uma dicotomia meio desajeitada entre ambas e que no fim não deixa esperança a ninguém. Não existe verdadeira esperança sem verdadeira denuncia e não existe verdadeira denuncia sem esperança. Há uma diferença entre "mandar umas bocas" mais ou menos populistas no FB, nos blogs, nos comentários dos jornais online e denuncia. A denuncia verdadeira nunca é cobarde e inconsequente. A verdadeira denuncia tem um preço, que pode ser a própria vida. A denuncia não é feita nas trincheiras, no anonimato dos nossos teclados. Há uma linha entre a calunia, a infama, a murmuração e a denuncia. Essa linha é o nosso rosto, é o não ter receio de chegar perto de quem ou quê, que queremos denunciar, é enfrentar e trazer uma alternativa. Jesus denunciou muita coisa, mas sempre trouxe uma alternativa, nunca deixou ninguém sem esperança, nem mesmo aqueles que ele denunciava ao apelar ao arrependimento. Perante Zaqueu, um iníquo cobrador de impostos, agiota da altura, denunciou o seu estilo de vida e exploração imoral do próximo, mas dentro da sua própria casa. É preciso ter espinha dorsal para fazer isto. É que denunciar quem está longe, quem nunca estamos face a face, quem não frequentamos a "sua casa", é muito mais fácil do que fazer o tipo de denuncia que Jesus fazia. Há quem encha o peito para denunciar quem está longe, mas lhes falta fibra para denunciar aquilo que lhes está próximo. A denuncia de Jesus sobre Zaqueu resultou em esperança para este vigarista da altura, ao restituir a quem tinha prejudicado e encetar um novo estilo de vida. " Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa." Lucas 19:5. A verdadeira denuncia tem um rosto, tem proximidade e tem consequências, trazendo esperança até a quem é denunciado. Quantos de nós estamos dispostos a entrar em casa de quem queremos denunciar? Será que só somos valentes e corajosos na segurança do nosso anonimato? Quantos de nós estamos dispostos a "entrar na casa" e denunciar? Marcar uma reunião com um presidente da Junta ou da Câmara, ou de seja de quem for, não para pedir uma benesse qualquer, mas para denunciar alguma injustiça e apresentar uma solução? Ou será que "em casa" somos sempre condescendentes, politicamente correctos e perdemos a coragem e peito feito que demonstramos no anonimato? Há muitas situações, injustiças, autenticas imoralidades sociais que necessitam de denuncia urgente, mas da verdadeira denuncia, da denuncia como Jesus fazia, que tem um preço pessoal, que tem o nosso rosto, que custa, que tem consequências, que traz uma alternativa, não daquela "denuncia" feita no conforto da nossa segurança, distancia e anonimato, que apenas "acalma" as nossas consciências mas que não faz nada por quem sofre as consequências daquilo que supostamente queremos denunciar. Jesus foi um Homem de denuncias e de esperança, porque percebeu que o que ele denunciava lhe podia custar a vida.... e custou.
04/01/2013
Jesus, a denuncia e a esperança
Publicada por Mário Rui à(s) 03:24 1 comentários
22/10/2012
Fé, alienação e intervenção social
Aqui e ali tenho verificado uma certa tensão entre fé e realidade, entre consciência social e alienação, entre a denuncia das injustiças e a proclamação da esperança. Sou absolutamente contra todo o tipo de alienação, creio que o cristianismo e a fé não são, de todo, uma forma de alienação, quer pessoal, quer social. Não creio em guetos (já escrevi um post no meu blog sobre isto), mesmo com um "branding" espiritual/religioso. Observo que muito dos assuntos da religião, das igrejas, são irrelevantes para o cidadão. O que aí se debate, o que aí é central nas preocupações e acções é sem dúvida, muitas vezes, reflexo de uma alienação da realidade social em que vivemos. Mas eu não acredito que ter uma mensagem de fé e esperança no meio das dificuldades seja uma alienação da realidade, e um discurso desadequado e sem substância. A linguagem da fé e da esperança é substanciada, não na leitura fria dos factos, mas tem uma substancia. Qualquer leitura da vida que não seja baseada em algo com substancia é mesmo alienação, mas a fé é também uma substância e uma evidência. Quando alguém critica a postura e visão optimista da vida, por parte de alguém de fé, com o argumento de que ele "não vê as evidências" e que não tem substância, é porque desconhece o ADN da própria fé. A fé tem uma substância, a palavra infalível do próprio Deus, que nos permite ter uma postura de esperança, e tem uma evidência, que permite ver o que ainda não é visível. "A fé é a substancia das coisas que se ESPERAM, e a evidência das coisas que NÃO SE VÊEM" Hebreus 11:1. A fé, nunca negando os factos, consegue dar-lhes uma leitura de esperança. A leitura dos factos sem a fé é sempre uma leitura limitada ao tempo, ao conhecimento presente e até as circunstâncias do momento, que como todos sabemos, são efémeras e mutáveis. A fé tem a capacidade de dispensar uma perspectiva eterna daquilo que é temporal. Por isso, não apedrejemos a linguagem da fé, por causa do mau serviço da religião alienada e da cultura de gueto que algumas comunidades cristãs alimentam. Mais do que nunca a nossa sociedade precisa da esperança que só a fé pode dar.
Publicada por Mário Rui à(s) 15:38 0 comentários
12/09/2012
A Crise a fé e a ignorância
Quem me conhece um pouco sabe que gosto de motivar as pessoas, tenho uma visão optimista da vida e acredito convictamente que tenho uma missão de levantar as pessoas. Sempre tenho agido assim, não é de agora e muito menos por reacção. Como todos sabem, infelizmente, estamos a viver uma crise profunda no nosso país, o que tem levado algumas pessoas, erradamente, no meu ponto de vista, a dizer que a minha postura positiva e de esperança no futuro é uma afronta a quem está a sofrer e, mais ridículo ainda, que é uma maneira de compactuar com as injustiças e apoiar um governo que, não sua opinião, está a roubar o povo. Gostaria de usar o meu blog para expressar a todos o que eu penso disto tudo.
Eu não peço desculpa a ninguém de, mesmo no meio de uma crise gravíssima, continuar a anunciar uma mensagem de esperança e positiva como, segundo as minhas convicções, é o Evangelho. O Evangelho é uma mensagem poderosa exactamente por não estar sujeito às circunstâncias que rodeiam a sua proclamação. Era o que faltava agora, mudar o que acredito porque o que acredito é contra-cultura ou tendência ou moda. Acredito no poder do evangelho em alturas de fartura e em alturas de crise e creio que Deus tem um futuro para todos em alturas de abundância e em alturas de crise. Creio que, nos tempos em que estamos a viver, mais do que nunca, é preciso "puxar" pelo ânimo e motivação das pessoas. Sinceramente creio que esta é uma das funções da Igreja na sociedade. É impossível sair de uma crise sem força anímica.
Quanto à crise, todos nós, melhor ou pior, sabemos o porquê de estarmos a passar o que estamos a passar. Durante muitos e muitos anos andamos a gastar mais do que aquilo que tínhamos e agora chegou a altura de pagar e é muito doloroso. Qualquer pessoa honesta não quer fugir às suas responsabilidades e sabe que tem de pagar o que deve. Só os vigaristas e caloteiros é que gastam o que não têm e nem é deles e depois fogem quando chega a altura de pagar. Entendo que não seria possível inverter esta situação sem dor e sacrifícios de todos. Concordo com muitas medidas e cortes que, apesar de difíceis, eram necessários. Tenho as minhas dúvidas quanto à distribuição desses sacrifícios. Apesar de pensar que TODOS são chamados aos sacrifícios, ninguém pode estar dispensado deles, tenho muitas dúvidas em relação á chamada distribuição equitativa dos sacrifícios. Pessoalmente não concordo que deva haver igualdade na distribuição dos sacrifícios, pois acho que quem tem mais rendimentos e possibilidades deve assumir um sacrifício maior em relação aos mais desprotegidos e pobres da sociedade. O facto de todos serem chamados a participar não significa que todos tenham de assumir proporções iguais dos mesmos. A bíblia sempre nos ensina em ter uma atenção especial com os mais pobres, com as viuvas e com os mais fracos. O peso sobre estes deve ser consideravelmente menor em relação aos outros e sinceramente não me parece que seja isso que esteja a acontecer. Gosto de ouvir o que os governantes explicam, com atenção, para poder entender se esta premissa que, no meu ponto de vista, é essencial para sermos um país justo e solidário, está a ser respeitada. Tenho a sensação de que os mais sacrificados estão a ser os que menos têm e que não se está a fazer o suficiente para aliviar quem mais precisa e exigir mais a quem mais pode.
Também acredito, que em momentos de grande sacrifício social, é muito importante o exemplo. Existem medidas e pequenos gestos que, apesar de não terem peso orçamental, teriam peso moral, como uma redução maior dos salários dos governantes e gestores, entre outras. Creio que Portugal não está apenas com um problema grave orçamental, está também com um problema grave moral e motivacional.
Outra coisa que me deixa frustrado no meio desta crise é a impunidade. Nunca há responsáveis por nada, ninguém pede desculpa por ter errado, ninguém admite os seus erros. Que sociedade é esta em que se considera o arrependimento uma fraqueza e não uma demonstração de integridade?
Algumas pessoas ficam escandalizadas comigo com alguns dos meus "posts"quer no twitter quer no Facebook, quando afirmo, de diversas formas, que mais importante do que ter uma cultura de direitos é ter uma cultura de responsabilidade. Alguns pseudo arautos da liberdade do povo não são mais do que papagaios, irresponsáveis e hipócritas. Não gosto de calúnias, de repassar emails com pseudo-denuncias que nem fonte têm, de divulgar informação sobre a vida (muitas vezes privada) das pessoas, sem nos darmos ao trabalho de, no mínimo, confirmar a sua veracidade. Será que já se esqueceram que a bíblia diz para não levantarmos falsos testemunhos? Ou isso só é válido quando nos toca? Se for um político ou uma figura pública (os mais vulneráveis a este tipo de coisas) isso já é permitido? Os religiosos, que continuam a ser quem mais julga, usam as escrituras quando a coisa aperta para o lado deles e depois colocam-na na gaveta quando é para lançar o seu já famoso veneno. Isto para não falar quando se exige aos outros (sejam políticos ou quem for) aquilo que não se está disposto a fazer. Isto é cultura de responsabilidade: ter moral para falar. Como posso eu falar e exigir transparência e verdade aos políticos, se fugir aos impostos, piratear os autores, não pagar cotas das associações e organizações onde estou? Mas que moral é esta? É isto que eu chamo de cultura de responsabilidade e não de direitos. Quando digo que somos muito bons a gerir o que é dos outros e em opinar sobre aquilo em que não assumimos as nossas responsabilidades, é disto que estou a falar. À pergunta se devemos ser exigentes com os políticos e governantes, respondo: absolutamente, desde que o sejamos,, em primeiro lugar connosco. É por isso que creio que há um fundo de déficit moral e de integridade na origem desta crise. Como é que nos podemos admirar com a facilidade de um político em mentir, numa sociedade tolerante com o enganar a mulher ou o marido, mentir ao empregado ou ao patrão, falsificar baixas e justificações de faltas? É isto que eu chamo de cultura de responsabilidade. Eu não defendo a mentira na política, como não defendo a mentira no lar, na escola e no trabalho. Não posso é exigir verdade num lado e andar de mão dada com a mentira noutro.
Quanto ao direito à indignação, manifestação e protesto, já me perguntaram se um cristão deve usar este tipo de direitos. Bem, no meu B.I. vem o meu nome e a nacionalidade, não vem a religião ou a fé que tenho, e ainda bem. Como cidadão, eu devo manifestar a minha opinião e escolhas quando sou chamado a faze-lo, quando entendo faze-lo, usando os meios legais à minha disposição. É por isso que acho que todos devemos votar ( não faz sentido tanto barulho e no dia das eleições ficar em casa), ainda por cima numa situação como estamos, temos a obrigação de fazer e dar alguma consequência à nossa opinião. O protesto e a manifestação pública são instrumentos, desde que enquadrados na legalidade e no respeito pelos outros, legítimos e, em algumas situações, justificáveis e úteis. Eu não concordo é com a falta de respeito pelos outros. Se eu quero fazer greve, devo faze-lo, sem medo, não posso é impedir de trabalhar quem não pensa como eu. Se eu quero protestar contra o governo, posso faze-lo, não tenho é que ofender os governantes, ou não? Eu como pastor NUNCA disse a ninguém para votar neste ou naquele ou para ir ou não ir a uma manifestação ou protesto. Faça-se conforme a consciência de cada um. O que já disse, e redigo, é que nunca faltem ao respeito a ninguém. Eu posso discordar profundamente de uma pessoa sem a ofender. Acredito que há gente mal intencionada na política, como o há na religião, no desporto, etc. Eu parto do princípio que, pelo facto de eu discordar das decisões de um político, de um presidente da república, primeiro ministro, ministro, presidente de câmara ou junta, não faz dele um ladrão ou malandro. Não concordo com manifestações que usam a violência, seja de que tipo for. Posso manifestar o meu desagrado, discordância, mas com respeito. Não nos esqueçamos que com a medida com que medirmos será aquela que nos medirão a nós. Acho piada a alguns iluminados que falam muito na liberdade, na indignação, que o povo se deve revoltar e dizer tudo na cara. Muitos deles são religiosos, que quando o povo lhes faz isso a eles, os chamam de rebeldes e insubmissos. Que grande coerência. Eu penso que há ladrões na política como o há em todos os sectores, mas não creio que todos os políticos sejam ladrões e mal intencionados. O facto de errarem não os torna ladrões, da mesma maneira que um empresário ou, porque não, um pastor, que tem dificuldades e está com as suas rendas (empresa, igreja, pessoal) em atraso também não o é necessariamente.
Bem isto já vai longo, mas foi higiénico para mim. Espero que nos ajude a todos a reflectir. Aos "iluminados" que me conotam com o PSD porque não chamo nomes feios ao Dr.Passos Coelho, ou me conotam com o PS porque sou amigo pessoal do Eng.Carlos Teixiera (presidente da CML) e do Dr.João Nunes (Presidente da JFL), só vos tenho a dizer que o maior grau de ignorância não é não saber, é não querer saber.
Publicada por Mário Rui à(s) 05:24 0 comentários
02/08/2012
Os perigos da esquizofrenia com a "teologia da prosperidade"
Publicada por Mário Rui à(s) 08:14 1 comentários
25/01/2011
A injustiça da parábola do filho pródigo
Já leram a chamada"parábola do filho pródigo" no evangelho Lucas 15:11-32?
A parábola bíblica do "filho pródigo" é uma grande injustiça. Eu sinceramente acho que o irmão mais velho deste desmiolado tinha razão. Então quer dizer: O desnaturado, promiscuo, ingrato e infiel "filho pródigo" regressa a casa e é recebido daquela maneira, como se nada se tivesse passado. Ele foi banquetes, abraços e festas e manifestações de carinho, como se de um regresso de um herói se tratasse. O irmão, que sempre foi fiel, que sempre esteve lá, que sempre deu o litro, assiste aquela extravagante, injusta e desequilibrada manifestação de alegria e não pode ter um desabafo, uma tomada de posição de protesto contra tamanha injustiça do seu pai?Depois o pai ainda tem a "lata", quando confrontado com o protesto do filho mais velho, de lhe dizer"tu sempre estiveste comigo e me serviste, agora o teu irmão estava perdido e voltou"... POR ISSO MESMO. Então o irmão, mais velho, fiel, sempre presente em todas as horas, nunca teve uma festa daquelas e agora só porque o outro regressou depois de ter virado costas, tem uma festa de arromba. Haja algum pudor e alguém com coragem de dizer que isto está errado, não é justo e que é um profundo erro do pai. Compreendo muito bem a atitude do filho mais velho em não querer entrar sequer na festa, em não ser conivente com aquilo. Promover quem um dia virou costas e foi infiel e ignorar quem sempre trabalhou é um "tiro no pé" para o futuro desta família. Eu estou com o filho mais velho, eu não vou ser conivente com aquilo, o pai é que sabe, mas comigo também não contava mais. Além disso há que dar tempo ao tempo e verificar se depois de passada toda esta euforia do regresso, o "queridinho do papá" não volta ao mesmo, ou seja, não vira costas a tudo de novo. Aí quero ver a "cara" do pai, o que é que ele vai dizer. Estou mesmo a ver que aí vai propor uma festa ao filho mais velho, para finalmente reconhecer o esforço deste. Mas se eu fosse ao filho mais velho punha algumas condições e a primeira é que não voltasse a receber daquela maneira o irmão mais novo, caso este voltasse de novo. É que eu quero deixar bem claro que não tenho nada contra o regresso dos irmãos mais novos (ou mais velhos) que queiram voltar depois de terem feito asneiras. Eu acredito em dar oportunidades a eles, acredito na sua restauração, mas agora recebe-los daquela maneira, festejar o seu regresso com aquela extravagância sem que se faça o mesmo a quem sempre está é que não. Portanto não admito que me digam que sou contra restaurar quem falhou e virou costas, mas não sou obrigado a concordar com a ingratidão e com o desequilibro de um pai que deveria ser mais ponderado.Claro que me sentiria também ofendido e melindrado como o filho mais velho, pois quem não sente não é filho de boa gente.Eu estaria disposto a continuar a servir o meu pai, mesmo com o regresso do meu irmão, mas não assim... não peço nenhuma atenção especial para mim, mas por favor também não dêem aos outros, ainda por cima quando não merecem mais do que eu, ou será que não tenho razão??? Já agora se ao lerem a bíblia passarem por Efésios 2:3 que diz"Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo" fiquem a saber, que na minha opinião, foi escrita pelo pai destes dois filhos para se justificar da injustiça que cometeu.
Publicada por Mário Rui à(s) 07:33 17 comentários
27/12/2010
As 2 Igrejas
Para alguns deveriam haver 2 tipos de Igreja:Uma para pessoas de 1ª, como eles, onde não tivessem de compartilhar o mesmo espaço com pessoas sem o nível de perfeição delas, onde não se sentissem escandalizadas por terem de conviver com pessoas com vidas não transformadas, onde os seus filhos estivessem seguros por não partilharem o mesmo espaço com outras crianças oriundas de famílias sem os mesmos princípios que os deles, onde eles fossem a prioridade da atenção, daquilo a que eles chamam de "cuidado pastoral", onde o seu conforto religioso nunca fosse desafiado, apenas promovido e louvado, onde eles "sentissem" a presença de Deus como se fossem os barómetros da evidencia desta mesma presença, decidindo pela sua visão a preto e branco, aquilo que "é de Deus" e o que "não é de Deus", onde a Salvação fosse pela fé, mas também um pouco pelas obras, as deles, para que algum mérito possam ter e não sejam contados com a "enxurrada" dos outros que "apenas" são alcançados pela Graça de Deus. Depois haveria uma outra Igreja para os "outros", aqueles que ainda não chegaram lá, cujo as vidas estão uma confusão, os que não têm fé para vencer, os que não têm um nível de obediência à Palavra de Deus como eles têm, e por isso estão a pagar com a vida por esse facto, os que falham, se enganam, erram, aqueles que não imitam as suas obras nem os seus preceitos, aqueles que não tiveram sucesso nos seus casamentos, nos seus negócios, nas suas escolhas e como tal devem passar por um purgatório eclesiástico, onde eles serão instrutores e juízes do processo de regeneração e consequentemente de admissão naquilo que orgulhosamente intitulam de "o remanescente fiel". Esta seria uma igreja onde a presença de Deus não "seria tão forte" como na deles, pois Deus nunca iria ter tanto prazer na presença destes como na deles. Nesta Igreja Deus "dispensa" a Sua presença como que por obrigatoriedade com a Sua graça, mas na deles estaria por prazer na comunhão com "os escolhidos".Sim, haveriam 2 Igrejas, mas uma seria melhor que a outra, aliás, como eles são melhores que os outros...
Ainda bem que Jesus disse que iria edificar a Sua Igreja, que é só uma e onde TODOS têm lugar, mas se, como se de um pesadelo se tratasse, eventualmente o quadro acima descrito existisse, eu queria pertencer à segunda Igreja, porque sinceramente confesso, acho que era a que mais tinha a ver comigo.... e contigo?
Publicada por Mário Rui à(s) 16:54 10 comentários
17/06/2010
Progresso vrs estagnação
No processo individual de crescimento sempre experimentamos mudanças. O Deus criador é progressivo por natureza. Tudo o que Ele faz, intervém ou toca, experimenta progresso.Ao dispensar a Sua imagem ao Homem Ele dispensou-lhe também esta característica.O progresso faz parte da natureza humana. Este progresso, crescimento ou evolução quando é interrompido, apelidamos de estagnação. Estagnação é uma interrupção no processo de crescimento. Como ser humano, que acredita ser criado à imagem de Deus, acredito no crescimento e desenvolvimento humano e que a estagnação deve ser combatida pela nossa vontade de encontrar e viver para o propósito da nossa existência. Falhanços e fracassos não revelam a miséria humana, mas sim quem desiste de lutar pelo que acredita. Pior ainda é quando nos tornamos combatentes daquilo que outrora acreditamos e sonhamos. O maior sinal de estagnação pessoal é quando nos transformamos naquilo que antes lutamos para mudar.À sombra da desculpa da "maturidade", da "experiência"não mais fazemos do que esconder o facto de que perdemos a "fibra" . Entristece-me quando constato que pessoas, outrora referencias e marcos de mudança, com toda a coragem associada a isso, foram "abafadas" pelo Status Quo, moldando-se ao peso da ditadura da mediocridade, tornando-se cínicos combatentes do "facho" que já transportaram em tempos. Criticam aquilo pelo qual já foram criticados, e hoje são predadores daquilo que eles mesmos iniciaram. Creio que muitas vezes isto mais não é que uma enorme frustração encapotada por sonhos não realizados e projectos inacabados
Publicada por Mário Rui à(s) 15:09 4 comentários